O regime ditatorial de Daniel Ortega continua restringindo a liberdade religiosa e fechando instituições cristãs na Nicarágua.
Recentemente, as autoridades tomaram uma escola da Congregação das Irmãs de São José.
O fechamento da escola como instituição cristã e a expropriação do local foi anunciado pela co-presidente do país, Rosario Murillo, na última terça-feira (19).
A esposa de Ortega alegou que o colégio foi usado para “torturar e matar” apoiadores sandinistas durante os protestos contra o governo em 2018. Porém, Rosario não apresentou provas ou testemunhas para as acusações.
“Temos um novo centro educacional. Esta é uma vitória pela paz, a paz que vivemos, protegemos e merecemos. [Ele foi] transferida para o Estado por ser emblemática da barbárie”, disse a co-presidente.
Segundo a Portas Abertas, o processo de tomada da escola foi feito de forma apressada e arbitrária.
O regime planeja reabrir o local com um novo nome, homenageando um líder político sandinista – movimento político nacionalista de esquerda da Nicarágua – na próxima semana.
Cerca de 600 alunos, do jardim de infância ao ensino médio, estudarão no local sob a política de educação gratuita do Estado. A Escola São José existia há 40 anos e era administrada por líderes cristãs.
Em janeiro deste ano, duas propriedades de igrejas – o Seminário San Luis Gonzaga e o centro de retiro espiritual La Cartuja – também foram tomados de forma ilegal pelo governo ditatorial.
Igrejas fechadas e líderes perseguidos
A Nicarágua enfrenta uma crise política, social e de liberdades que se agravou após as polêmicas eleições gerais realizadas em 7 de novembro de 2021, quando Daniel Ortega foi reeleito para um quinto mandato.
Desde os protestos contra o regime ditatorial em 2018, os cristãos se tornaram alvos de repressão e restrições em sua liberdade religiosa.
A Portas Abertas relatou que a comunidade cristã nicaraguense tem se oposto ao regime de Ortega há anos, com líderes cristãos criticando a repressão violenta de manifestantes e as restrições à liberdade de expressão.
Desde 2018, o governo fechou mais de 5.400 ONGs, sendo que várias delas eram cristãs. Mais de 256 igrejas evangélicas foram fechadas pelo governo nos últimos quatro anos, segundo a organização de direitos humanos Nicarágua Nunca Más.
Pelo menos 200 líderes religiosos fugiram do país. Mais de 20 foram foram destituídos de sua cidadania e 65 foram indiciados por conspiração e outras acusações.
Segundo o diretor do ministério Mountain Gateway, John Britton Hancock, que também foi alvo do governo Ortega, há 100 pastores presos neste momento.
A Nicarágua ocupa a 30ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, que classifica os 50 países em que os cristãos são mais perseguidos.