Cientista cristão rebate estudo que alega “explicação científica” para milagre dos peixes

Escrito em 19/11/2024

Um grupo de cientistas está questionando se a narrativa dos Evangelhos, em que Jesus alimenta 5.000 pessoas com apenas cinco pães e dois peixes foi, de fato, um milagre.

Ken Ham, apologista cristão e fundador do conhecido blog “Answers in Genesis” (Respostas no Gênesis, em português), questiona as afirmações dos pesquisadores.

Em um artigo recente, publicado em um periódico científico, os pesquisadores sugerem que, em vez de uma intervenção sobrenatural divina, a alimentação das 5.000 pessoas e das 4.000 em outra ocasião, assim como a pesca milagrosa, foram apenas “eventos coincidentes”.

Eles estavam investigando o Lago Kinneret, que identificam como o Mar da Galileia mencionado no Novo Testamento.

Para isso, instalaram sensores de temperatura e dispositivos de monitoramento de oxigênio nas profundezas do lago e testaram a velocidade e a direção do vento na superfície.

Em seguida, examinaram "relatos históricos modernos de mortandade de peixes".

‘Apenas mortandade de peixes’

A pesquisa concluiu que os cientistas identificaram períodos curtos em que os ventos fortes na superfície do lago foram capazes de remover o oxigênio das suas profundezas, deixando pouco ou nenhum oxigênio disponível para a vida aquática.

O resultado foi uma mortandade repentina, que, para alguém na praia ou em um barco, parecia uma grande quantidade de peixes subindo lentamente para a superfície do lago, tornando-os facilmente capturáveis – como descrito nos relatos bíblicos.

Esses pesquisadores acreditam que, enquanto Jesus ensinava, um vento soprou sobre o lago, causando uma redução no oxigênio da água devido à estratificação térmica, resultando na morte de um grande número de peixes.

Os peixes flutuaram até a superfície e se deslocaram até a costa, onde “poderiam ser facilmente coletados por uma população faminta”.

Eles também sugerem que, quando Jesus instruiu seus discípulos, que estavam cansados após pescar a noite toda sem sucesso, a jogarem as redes do outro lado do lago, elas atraíram muitos peixes devido à mortandade em massa, tornando os peixes presas fáceis.

Por exemplo, o artigo científico afirma que os peixes foram facilmente capturados, como “era o caso nos relatos da Bíblia”.

"Mas é isso que a Bíblia ensina quando se trata dos cinco pães e dois peixes?", questiona o apologista cristão.

A primeira multiplicação de pães e peixes

Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte; sabendo-o as multidões, vieram das cidades seguindo-o por terra. Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos. Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer. Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, de comer. Mas eles responderam: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes. Então, ele disse: Trazei-mos. E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios. E os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças. (Mateus 14:13-21)

Ham diz: "Você pode notar que o texto bíblico não diz nada sobre os peixes serem 'facilmente capturados'”.

Jesus simplesmente pegou os cinco pães e dois peixes, agradeceu a Deus, partiu os pães, entregou tudo aos seus discípulos, e os discípulos distribuíram a comida. Nenhum peixe foi capturado!, esclarece Ham.

E continua questionando: "Mas e a segunda alimentação milagrosa, que cita 4.000 pessoas alimentadas milagrosamente?"

A segunda multiplicação de pães e peixes

Naqueles dias, quando outra vez se reuniu grande multidão, e não tendo eles o que comer, chamou Jesus os discípulos e lhes disse: Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, desfalecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe. Mas os seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto? E Jesus lhes perguntou: Quantos pães tendes? Responderam eles: Sete. Ordenou ao povo que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães, partiu-os, após ter dado graças, e os deu a seus discípulos, para que estes os distribuíssem, repartindo entre o povo. Tinham também alguns peixinhos; e, abençoando-os, mandou que estes igualmente fossem distribuídos. Comeram e se fartaram; e dos pedaços restantes recolheram sete cestos. Eram cerca de quatro mil homens. Então, Jesus os despediu. (Marcos 8:1-9)

O artigo de Ham diz: “Novamente, nada é dito sobre Jesus ou qualquer pessoa pescando ou coletando peixes na praia (quem quer um peixe morto e fedorento na praia, afinal?!)”

“Claro, outro problema gritante com a explicação natural deles para esse milagre é o pão – de onde vieram os pães? Eles certamente não flutuaram do fundo do lago e foram levados para a praia!”, ironiza Ham.

O texto também diz que, depois que Jesus ter alimentado os 5.000, a multidão ficou atônita e tentou fazer de Jesus um rei à força (João 6:14).

E questiona: “Por que a multidão ficaria tão surpresa que os seguidores de um homem reuniram um monte de peixes mortos de uma praia e os entregaram para tentar fazê-lo seu rei, presumivelmente para derrubar os romanos? Não faz sentido algum.”

“E quanto à pesca milagrosa – uma mortandade poderia explicar isso? Esse evento aconteceu duas vezes, uma no início do ministério de Jesus (Lucas 5:1–11) e novamente após sua ressurreição (João 21:1–14). Então, esses pesquisadores estão sugerindo que um raro evento de mortandade ocorreu quatro vezes durante o ministério de Jesus – e ele simplesmente conseguiu lucrar com isso todas as vezes! E os discípulos, pescadores experientes na água, não viram os peixes subindo à superfície, mas Jesus na praia os viu? Novamente, isso não corresponde aos detalhes fornecidos no texto!”, afirma.

Ao refutar o artigo, Ham diz que os milagres na Bíblia não são problemas que precisam ser explicados de forma plausível ou científica.

“Jesus é Deus; ele falou e tudo veio à existência. Transformar um punhado de pães e peixes em um banquete para uma multidão ou ordenar que um grande cardume de peixes nade para uma rede não é nada para ele!”, conclui.